Actriz nascida em Moçambique, em 1973,
venceu em 1996 o prémio de Melhor Actriz do Festival de Genebra pelo seu desempenho
em «Corte de Cabelo», de Joaquim Sapinho, e, em 2002, no Festival de Berlim, o
prémio Shooting Stars, por «O Gotejar da Luz», de Fernando Vendrell. No teatro,
trabalhou com encenadores como Luís Miguel Cintra, Lúcia Sigalho ou Jorge Silva
Melo. No cinema, para além de Sapinho e Vendrell, foi dirigida por Eduardo Guedes,
Margarida Cardoso e Solveig Nordlund, entre outros. Na dança, trabalhou com
Clara Andermatt e Olga Roriz. Participou também em diversas séries, telefilmes
e telenovelas. Encenou, entre outros, os espectáculos «Areena» (em parceria com
Rafaela Santos) e «Transfer» (do qual é também autora do texto, publicado pela
101 Noites).
Os 10 Melhores
Ø
O Homem
da Máquina de Filmar [1929, de Dziga Vertov]
Ø
A
Cavalgada Heróica [Stagecoach, 1939, de John Ford]
Ø
Os
Sapatos Vermelhos [The Red Shoes, 1948, de Michael Powell e Emeric Pressburger]
Ø
O
Crepúsculo dos Deuses [Sunset Boulevard, 1950, de Billy Wilder]
Ø
Os Sete
Samurais [Shichinin no Samurai, 1954, de Akira Kurosawa]
Ø
La Dolce
Vita [1960, de Federico Fellini]
Ø
A Noite [La
Notte, 1961, de Michelangelo Antonioni]
Ø
O
Silêncio [Tystnaden, 1963, de Ingmar Bergman]
Ø
2001 –
Odisseia no Espaço [2001: A Space Odyssey, 1968, de Stanley Kubrick]
Ø Apocalypse Now [1979, de Francis Ford Coppola]
O filme da sua vida: São tantos. Neste momento, «Museum Hours», de Jem Cohen,
que vi no último Indie. Gostava que chegasse às salas portuguesas para o
rever.
Realizador, actor e actriz
favoritos: Michelangelo Antonioni e John
Cassavetes. Robert Mitchum, a cara de póquer mais cativante de todos os
tempos. Pedro Hestnes, um actor volátil, inefável, que não impunha nada a
representar, deixava que fossemos até ele. Todas as actrizes do Bergman, mas em
particular a Ingrid Thulin, que é de uma expressividade dramática
impressionante, cheia de recortes, subtilezas e pormenores de requintes de malvadez.
Uma actriz que nos atrai para o abismo e que nos faz desejar conhecer esse
abismo.
Personagem que gostava de
encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Desde
há vários anos que gostaria de voltar a trabalhar em cinema, se fosse
possível. Uma, ou várias personagens, se fosse possível. Banais ou
mundanas. Contemporâneas ou de séculos passados. Se fosse possível. Os
actores dependem sempre de quem acredite que só com quem eles é possível.
Filme que mais o marcou no
momento do seu visionamento: «Vem e Vê», de Elem
Klimov. Vi em criança na televisão e fiquei muito impressionada com uma cena do
personagem principal, um miúdo adolescente que ia procurar algo que pudesse
aproveitar dos cadáveres dos soldados russos na Segunda Guerra Mundial. Também
me lembro de uma cena particularmente estranha onde o miúdo se escondia debaixo
de uma vaca morta.
Obra-prima clássica (ou nem
tanto) com que embirre particularmente: Não consigo
lembrar-me de nenhuma. Talvez o «Dom Quixote», do Orson Welles, mas recordo-me
que foi sobretudo por causa do som, que é muito mau e que me foi irritando até
não conseguir ver o filme até ao fim.
O filme-choque da sua vida: Existem dois, que quando passam no cinema ou na televisão
tento evitar rever mas não consigo, e acabo sempre por entregar-me ao
sofrimento puro e duro: «Some Came Running/Deus Sabe Quanto Amei», de Vincente
Minnelli, e «Esplendor na Relva», do Elia Kazan. Sempre que revejo estes filmes
acabo afogada nas minhas lágrimas e com um nó na garganta que não passa mesmo
depois do The End...
Filme do qual possa dizer "a
vida é muito parecida com isto": Uma curta-metragem da
Cláudia Varejão chamada «Um Dia Frio». Mostra-nos um dia de uma família, com o
percurso de cada um para seu lado após saírem de casa de manhã. Não existem
diálogos e assistimos às vidas secretas de cada um até regressarem todos a casa
no final do dia.