Manuel S. Fonseca foi aprendiz e mau na oficina de João Bénard da Costa, na Cinemateca. Escreveu, como crítico, coisas imperdoáveis no Expresso durante alguns anos. Depois passou pela televisão, pela produção de telefilmes e de longas-metragens assumidamente comerciais e, sobretudo, viajou muito. Já passou tudo e hoje não faz mal a uma mosca. Tem uma coluna nostálgica no Expresso e escreve num blog lúdico e sumptuário chamado Escrever é Triste.
Os dez mais que, por esta desordem, agora me vêm à cabeça:
* O Lírio Quebrado [Broken Blossoms, 1919, de D. W. Griffith]
* Luzes na Cidade [City Lights, 1931, de Charles Chaplin]
* Pedro, o Louco [Pierrot le Fou, 1965, de Jean-Luc Godard]
* A Desaparecida [The Searchers, 1956, de John Ford]
* Matou [M, 1931, de Fritz Lang]
* Playtime – Vida Moderna [1967, de Jacques Tati]
* Janela Indiscreta [Rear Window, 1954, de Alfred Hitchcock]
* A Palavra [Ordet, 1955, de Carl T. Dreyer]
* Encontros Imediatos do Terceiro Grau [Close Encounters of the Third Kind, 1977, de Steven Spielberg]
* O Padrinho [The Godfather, 1972, de Francis Ford Coppola]
Os melhores filmes deviam ser como os menus dos restaurantes.
Uns estariam sempre na carta e outros deviam mudar como os pratos do dia.
Amanhã, por exemplo, já constaria o Singin’
in the Rain, o Der Blaue Engel, e
depois de amanhã o Some Like it Hot,
o To Have and Have Not, o Citizen Kane, o A Matter of Life and Death, o Casque
d’or, o Senso ou o The River do Renoir. E na montra do
restaurante, em vez de “Hoje há passarinhos”, apareceria escrito, a letras
garrafais, “Hoje há Brigitte Bardot”.
O filme da sua vida: Talvez seja o «How Green Was My Valley», a
mais perfeita cristalização de um mundo de harmonia que, por nunca ter
existido, Deus se viu obrigado a criar através de John Ford, seu filho dilecto.
Realizador, actor e actriz
favoritos: John Ford, por ter ajudado
Deus a corrigir algumas imperfeições da Criação. O mundo ficou melhor com a
aldeia galesa de «How Green…» e ainda melhor com o povoado irlandês de «The
Quiet Man».
Richard Dreyfuss, pelo «American Graffiti», pelo riso e pelas canções no bote de «Jaws».
Jean Seberg, pela nuca rapada de «Saint Joan», pelos shorts de «Bonjour Tristesse» e por ser tão adoravelmente dégueulasse em «A Bout de Souffle».
Richard Dreyfuss, pelo «American Graffiti», pelo riso e pelas canções no bote de «Jaws».
Jean Seberg, pela nuca rapada de «Saint Joan», pelos shorts de «Bonjour Tristesse» e por ser tão adoravelmente dégueulasse em «A Bout de Souffle».
Personagem que gostava de
encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Pierrot, perdão, Ferdinand no «Pierrot le Fou».
Filme que mais o marcou no
momento do seu visionamento: Posso dizer
dois? Primeiro, enternecido, quando vi a Natalie Wood a fazer beicinho para o
James Dean no «Rebel Without a Cause». Nesse mesmo Verão, duas ou três semanas
depois, foi um incêndio, ao ver a Elizabeth Taylor a fazer, quais olhinhos, o
corpo inteiro, ao Burton, no «The Sandpiper».
Obra-prima clássica (ou nem
tanto) com que embirre particularmente: Embirro
razoavelmente com o William Wyler («Best Years of Our Lives» e «High Noon») e
irrazoavelmente com o Eisenstein a quem prefiro a Sarita Montiel.
O filme-choque da sua vida: Sem ponta de ironia, um filme polaco
belissimamente incompleto, «Pasazerka», de Andrzej Munk.
Filme do qual possa dizer "a
vida é muito parecida com isto": Um
filme terno e cruel, simples, infantil e adulto chamado «Stand by Me», de Rob
Reiner.
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