quinta-feira, 2 de maio de 2013

Pedro Garcia Rosado




[Escritor e tradutor nascido em Lisboa. O seu mais recente romance chama-se Morte com Vista para o Mar, edição Topseller.]

«Comecei desde muito cedo a ir ao cinema e agora vejo-o em casa por não haver salas de cinema de jeito no concelho onde vivo. Enquanto jornalista (e crítico de cinema) escrevi sobre filmes, cinema e festivais de cinema para várias publicações, entre as quais o extinto Se7e, o JL na sua fase mais abrangente, O Jornal e O Diário, tendo ainda sido autor e coordenador dos anuários de home video publicados entre 1989 e 2003 (co-edição Difusão Cultural/Projornal) e correspondente do Variety em Portugal. Os milhares de filmes que vi em cinco décadas de espectador de cinema e cinéfilo, alguns por simples obrigação profissional ou pessoal e a maioria por interesse pessoal, dificultam uma selecção do “melhor” ou “melhores” em termos objectivos, mas, independentemente do valor histórico, técnico, cultural e até social de cada filme, retenho na memória como sendo os meus “melhores”, e que constam desta lista, alguns dos que mais me entusiasmaram e a que regresso com gosto.»


Os 10 Melhores (por ordem alfabética)

* Aguirre, o Aventureiro [Aguirre, der Zorn Gottes, 1972, de Werner Herzog]
* Apocalypse Now Redux [1979, de Francis Ford Coppola]
* Casablanca [1942, de Michael Curtiz]
* O Couraçado Potemkine [Bronenosets Potyomkin, 1925, de Sergei M. Eisenstein]
* Lawrence da Arábia [Lawrence of Arabia, 1962, de David Lean]
* Matou [M, 1931, de Fritz Lang]
* Depois do Anoitecer [Near Dark, 1987, de Kathryn Bigelow]
* A Quadrilha Selvagem [The Wild Bunch, 1969, de Sam Peckinpah]
* O Senhor dos Anéis [The Lord of the Rings, 2001-2003, de Peter Jackson]
* Os Suspeitos do Costume [The Usual Suspects, 1995, de Bryan Singer]


[PGR valoriza a trilogia de Peter Jackson como uma obra única. O autor do blog, já agora, também.]




O filme da sua vida: «A Quadrilha Selvagem». É um filme extraordinário e a vários títulos emblemático: assinala o fim dos westerns tradicionais e o início de uma era de westerns de novo tipo; redefine o cinema de acção na sua representação estilizada mas realista da violência; e é um emocionante hino à amizade, à lealdade e ao heroísmo.

Realizador, actor e actriz favoritos: Sam Peckinpah é, para mim, um dos realizadores mais completos, no leque de temas que levou para as suas longas-metragens e na forma como os abordou. Admiro muito um grande número de actores e actrizes, mas não irei ver um filme por um, ou mais, dos seus intérpretes como irei ver por quem o realiza, com todo o respeito pelos muitos méritos de gerações de actores e actrizes no cinema e na televisão.

Personagem que gostava de encarnar se fosse possível "entrar" no ecrã: Charles Foster Kane, o complexo magnata da comunicação social de «O Mundo a Seus Pés» (Citizen Kane, 1941), de Orson Welles.

Filme que mais o marcou no momento do seu visionamento: «Estrada de Fogo» (Streets of Fire”, 1984), de Walter Hill, que achei absolutamente surpreendente na perfeita combinação entre a música, as imagens em movimento e o espírito de aventura que domina a história.

Obra-prima clássica (ou nem tanto) com que embirre particularmente: «E Tudo o Vento Levou» (Gone with the Wind, 1939), de Victor Fleming. Insuportavelmente longo, arrastadamente melodramático, irritantemente xaroposo.

O filme-choque da sua vida: «Também os Anões Começam por Baixo» (Auch Zwerge haben klein angefangen, 1970), de Werner Herzog, que numa atmosfera cruelmente delirante resumiu muito dos sonhos de liberdade, de intervenção e de inovação do Cinema Novo alemão (e que vi no Instituto Alemão de Lisboa).

Filme do qual possa dizer "a vida é muito parecida com isto": «Casablanca», de Michael Curtiz (1942). Pela história romântica, pelos encontros e desencontros pessoais, pelas lealdades e deslealdades do amor e pela afirmação de resistência à opressão, que tem o seu momento de antologia na entoação espontânea de “La Marseillaise” no Rick’s American Café.

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